Ilusões de Garota

4/28/2012


O que ganhei com o tempo que perdi


Amor, ou você encontra ou você é contra. Costuma ser assim. Principalmente naquele momento em que o amor parece uma bela promessa, mas seus amores insistem em contradizer esperanças. O telefone não toca, suas mensagens a paixões iniciais são respondidas com um “Quem é?” e quando você liga uma gravação informa “A pessoa que você ama não te ama ou não existe”. O sono não chega e não é o cansaço que te incomoda, mas a perda da única chance de ter quem você ama ao seu lado, sonhando. Você resolve seguir em frente, mas todas as pessoas rumam para o mesmo destino, logo aquele que você já sabe que não é o seu. Você pensa em se fazer sempre presente, mas assim as pessoas se cansam de você. Você considera ficar mais distante para notarem sua ausência. Mas se alguém não acha que há valor em te ter por que se importaria em te perder? O que você descobre o real valor quando perde é dinheiro, não amores.
Quem não valoriza sua presença não se importa com a sua ausência (ainda que você se importe). Caso você se apaixone, você é carente. Caso você não se envolva, você é um canalha. Se transar de cara, você é promíscuo e alguém que não vale a pena investir. Se não transar na primeira vez, você é puritano, frio, chato. O que, então, as pessoas querem afinal? O que nós queremos, então? Se tanta gente diz que busca alguém, mas ninguém presta, não era para um dia esses que prestam e buscam quem preste se encontrarem? Com quem estamos perdendo tempo para não vermos quem vai fazer a  gente ganhar o dia todos os dias? Eu não sei. Mas sei o que ganhei com o tempo que perdi.
Das mensagens sem resposta, ficou a coragem de dizer o que eu sentia. Do desprezo que me ofereceram ficou não a dor por existirem pessoas cruéis, mas o esforço por nunca ser igual. Do valor que não me deram, ficou a certeza de que devo oferecer o melhor ainda que não mereçam. Das desilusões, ficou a vontade de um dia oferecer sonhos a alguém. Das vezes que não deu certo, ficou a vontade de tentar.  Dos amores não correspondidos, ficou a capacidade de amar. E em meio a isso tudo o que mantenho é a esperança. Esperança e certeza de que vou ter que continuar tentando, é o que ganhei com o tempo que perdi, vivendo de amores que morreram, esperando quem nunca esteve a caminho. Anote aí: amar, ainda não inventaram outro jeito, a não ser tentar. Amor, ou você encontra ou você se reencontra (e se reconstrói).
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3/28/2012


Intensas


Tem coisa mais doida que mulher carente? Não, não tem. Não tem e nada nesse mundo me fará mudar de idéia. Mulher carente é igual a problema em dobro. Se já somos suficientemente inseguras 365 dias por ano. Imaginem: mulher-insegura-carente?
Toda mulher que se preze já caiu em uma cilada amorosa. Quem nunca caiu que atire a primeira pedra (…) As histórias são quase sempre as mesmas, claro, tem suas peculiaridades, mas em geral são muito parecidas. Toda mulher apaixonada começa sempre do mesmo jeito. Romantiza tudo, vê beleza em tudo, suspira por tudo, até em fila de ônibus… O problema acontece quando se está suspirando pelo cara errado. Pelo famoso “babaca”.
Vai dizer que você nunca gostou de um? Fala pra mim, olha para os lados, veja se não tem ninguém por perto e admita: Eu já me apaixonei por um babaca. Relaxa moça, não tem ninguém vendo mesmo.
O começo é sempre igual, a gente romantiza qualquer SMS de “bom dia”, qualquer “oi”, qualquer email mais ou menos. Duas saídas, alguns SMS’s meia bomba, uns emails chinfrins, algumas palavrinhas carinhosas e lá estamos nós: acreditando fielmente que o tal “babaca” pode ser o grande candidato ao homem da nossa vida.
Relaxa gata, como diz nossa amiga de fossas Tati Bernardi: “Quem nunca saiu com o cara errado que atire a primeira pedra, mas atire nele, por favor”. A vida é assim, de babaca em babaca a gente chega ao altar, quem sabe um dia. Se não rolar o lance de altar, experimente viver e se enxergar.
Acredite, vai acontecer qualquer dia, qualquer hora, alguém irá te enxergar, mesmo que você esteja sem maquiagem, suada, desarrumada, descabelada. O famoso homem da sua vida vai te enxergar… Confie em mim, ou em você, né.
Voltando ao assunto da paixão pelo “babaca”, entenda: Se o homem realmente gosta, ele vai até o inferno por você. Ele vai sim, e ainda abraça o capeta se for preciso. Sabe por quê? Porque homens são previsíveis, se eles querem eles querem, se não querem, não querem.
A raça dos homens não é complexa igual a nós mulheres, que sempre temos dúvidas, que sempre analisamos, pensamos, colocamos mil problemas e tal. Homem é tudo igual.Eu sei é clichê, mas é a mais pura verdade.
Quando o cara quer, não tem distância, problemas, família, trabalho, tempo, futebol, estudo, mãe, unha encravada, barba por fazer, celular sem bateria, chuva, temporal, falta de dinheiro que o impeça de estar com você. É simples. É a realidade. O cara vai largar o jogo dele de Playstation e vai responder seu SMS prontamente. O cara vai te ligar assim que ele puder. O cara vai te esperar o tempo que for. O cara vai te corresponder – talvez não da mesma forma que uma mulher que é muito mais intensa. Essa é a mais pura verdade.
Não se iluda. Então vamos repetir como se fosse um mantra: Que o meu detector de babacas esteja sempre alerta, que o meu detector de babacas esteja sempre alerta, que o meu detector de babacas esteja sempre alerta, amém! Babaca que se preze sempre dá a pinta de que é babaca.Atenção!
Meninas leiam esse texto, imprimam e colem na porta da geladeira, outra cópia perto do computador e outra no seu guarda-roupa (para quando vocês forem se vestir para aquele tal encontro e analisarem se realmente vale à pena sair de casa). Eu sei, é tudo teoria. Na prática é diferente porque nós mulheres somos assim: intensas.
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3/26/2012


Vivo com essa sensação de abandono, de falta, de pouco, de metade. Mas nada disso é novidade. Antes dele, teve o outro, o outro que continua indo embora para sempre porque nunca foi embora pra sempre. Eu não sei deixar ninguém partir, eu não sei escolher, excluir, deletar. São as pessoas que resolvem me deixar, melhor assim, adoro não ser responsável por absolutamente nada, odeio o peso que uma despedida eterna causa em mim. Nada é eterno, não quero brincar de Deus.
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3/24/2012


Ainda é cedo e a vida escurece atrás dele

Tenho um pouco de medo daquelas duas rodelas verde musgo que me encaram como se eu pudesse ser reduzida a um segundo: tem muita sujeira ali naquela alma. Ignoro meu peito amaldiçoando o meio das minhas pernas e aceito o convite para ver de perto o cheiro do ralo. Ele não mora muito longe da doceria e vamos a pé mesmo. A cada passo morre em mim mais e mais da garota que tinha ficado feliz com o brigadeiro de colher. 
Adoro camas que não são camas e ele tem uma dessas. Minha vontade é deitar ali e fazer alguma graça, minha vontade é que ele tire meus sapatinhos de boneca com calma e beije meus pés, afinal: pintei minhas unhas de vermelho só para ele. Minha vontade é que ele me pergunte se quero um pouco de chá gelado e se eu gostaria de ver um dos seus filmes estirada nas grandes almofadas. 
Mas ele não quer saber dos meus pés, dos meus olhos deslumbrados com aquela vida de cinema, do meu dente sujo de chocolate ou da minha garganta que arde. Ele quer mergulhar em mim, ele quer entrar em mim, ele quer me descobrir a fundo. Mas ele quer tudo isso sem sequer tocar em mim. 
Eu mais uma vez me pergunto como é mesmo que se faz a coisa mais profunda do mundo com total superficialidade. Como é que se ama sem amor? Como é que se entrega de dentro de uma prisão? Nunca soube. 
Tenho vontade de perguntar baixinho: você não gosta nem um pouquinho de mim? Nem sequer um tiquinho? Olha só: eu tenho os dedinhos do pé bem estranhos. Eles não são absurdamente merecedores de amor? Mas ele não quer perder tempo com dedinhos de pé, pintinhas brancas ou antebraços molinhos. Ele quer morar em mim mas está cagando para todas as belezas da casa. 
Algumas horas depois sou devolvida às ruas. Faço o mesmo trajeto mas agora voltando, mas agora sozinha. 
Ainda é cedo e eu preciso de amor. Só um pouquinho de amor. Não posso dormir sem paz no coração. Ele não mora muito longe da cama que não era cama e a cada passo esfolo mais e mais meu esmalte vermelho. Quero que ele veja o quanto mudei por causa dele, na esperança de que seu riso congelado saia do automático e eu ganhe um único sorriso verdadeiro. Não foi só o muque que ficou mais duro, mas minha autopiedade também aprendeu a ser menos molenga. Talvez meu amor tenha aprendido a ser menos amor só para nunca deixar de ser amor. Mas ele não quer saber de almas evoluídas, meditações, planos futuros e todos os últimos segundos de uma vida dedicados a ele. Ele quer que eu coloque aquela calcinha preta das antigas e fique de quatro. Mais uma vez me pergunto como é mesmo que se pode viver ou respirar em meio a tantas pessoas e intenções mortas. Mas então ele morreu? Ufa! Doeu, mas doeu pela última vez. 
As ruas agora parecem um grande cemitério e eu mais uma vez carrego o peso morto do meu coração. Minhas costas doem e a cada passo mais e mais meus ombros se curvam. Apesar de tudo, ainda é cedo e eu já me conheço bem: não desisto de entregar meu coração a alguém que saiba, finalmente, dar um pouco de chá gelado a ele. 
A casa dele não fica muito longe da marcha fúnebre e resolvo passar para fazer uma visita. Quem sabe numa visita eu não volto a visitar minha alegria? 
Ele me serve chá quente e me escuta contar tudo sobre esmaltes vermelhos, corações pesados que se arrastam por ruas, ralos e calcinhas pretas. Mas apesar das grandes orelhas que todo velho aprende a ter, ele não está muito interessado em resolver meu problema. Talvez ele me ame, sim, talvez ele me ame aquele pouquinho que eu estava buscando. De todos, talvez ele seja o único que pode me dar, se não um pacote inteiro de rosquinhas, ao menos uma semicircunferência. Já é alguma coisa. 
As ruas agora estão todas entrecortadas. Algumas casas têm apenas o telhado, outras apenas o jardim. A vida é só um pouquinho boa, as pessoas são só um pouquinho bonitas e as músicas duram apenas algumas notas. Sou inteira um pseudo algo, desejo pseudo coisas e quase sei para onde ir agora. 
O meio homem não fica muito longe da casa que é quase velha. Quer saber de uma coisa? Acho que ainda é cedo. Enquanto ando, perco mais e mais o que eu já nem sei mais o que. Só sei que perco. Mas não posso terminar mais um dia sem amor, não posso. Pago o que for, pego a fila que for, encaro o que for. O lugar está cheio, as pessoas vazias. O lugar está quente, as pessoas frias. O lugar está insuportável, mas as pessoas juram que são legais. Sugo ali, num cantinho qualquer acompanhada de qualquer pessoa, o que pode restar de bom na alma de alguém. Mas ele não quer saber de canudinhos, desentupidores de pia e súplicas por um final ao menos justo. Eu sou um saco com restos de pano preto, achocolatados, plantinhas e tinta vermelha. E ele quer apenas furar o saco, para que eu estoure para bem longe dali. Sem dar nenhum trabalho. 
As ruas não existem, não existe mais o que perder, não existe amor em lugar nenhum. Acho que finalmente está ficando tarde demais.
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3/20/2012


Você vai sofrer

Um dia você vai estar sozinho, vai fechar os olhos e tudo estará negro. Os números da sua agenda passarão claramente na sua frente e você não terá nenhum para discar. Sua boca vai tentar chamar alguém, mas não há alguém solidário o bastante para sair correndo e te dar um abraço, nem te colocar no colo, ou acariciar, seus cabelos até que o mundo pare de girar. Nessa fração de segundos, quando seus pés se perderem do chão, você vai lembrar da minha ternura e do meu sorriso infantil. virão súbitas memórias gostosas dos meus abraços e beijos, da minha preocupação com você e só vão ter algumas músicas repetindo no seu radio: as nossas. Em um novo momento você vai sentir um aperto no peito, uma pausa na respiração e vai torcer bem forte para ter o nosso mundinho delicioso de novo, o nome disso é saudade, aquilo que eu tinha tanto e te falava sempre.
E quando você finalmente discar meu número, ele estará ocupado demais, ou nem será mais o mesmo, ou até eu nem queira mais te atender. E se você bater na minha porta ela estará muito trancada, se aberta, mostrará uma casa vazia. Seus olhos te ensinarão o que é lagrimas, aquelas que eu te disse que ardiam tanto. O nome do enjôo que você vai sentir é arrependimento, e a falta de fome que virá chama-se tristeza. Então quando os dias passarem e eu não te ligar, quando nada de bom te acontecer e ninguém te olgar com meus olhos encantados... Você encontrará a famosa solidão, apartir daí o que acontecerá, chama-se surpreso. E provavelmente o remédio para todas essas sensações acima, é o tal do tempo em que você tanto falava.
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Talvez ser triste atraia muito mais olhares

Como foi atraído o meu - do que simplesmente optar pelo não ligar, pelo nada fazer, pelo mandar se foder, literalmente. Eu nunca fui uma pessoa do, literalmente, foda-se. Sempre muito preocupada com todas as coisas que viriam de todas as coisas, sempre querendo entender os porquês de todos os tudos. Sempre no plural, nunca compacta. Mas os anos passaram por mim nada sóbrios e não foram macios os dias no meu rosto (…) Só que aí eu acabei mudando. E foi mudança aos poucos, porque até hoje me dou conta de coisas minhas que já não estão mais lá e, quem roubou, eu jamais vou saber. O sorriso mudou e a vontade de sorrir pra qualquer pessoa também, graças a Deus. Foi por sorrir tanto de graça que eu paguei tão caro por todas as coisas que me aconteceram. Às vezes me pego olhando ao meu redor e vendo tanta menina parecida comigo. Tanto sentimento gritando de bocas caladas e escorrendo de peles secas. Tanta coisa acontece com a gente. Tanta gente passa pela gente, mas tão pouca gente realmente fica. E eu sei que, talvez, eu tivesse que ficar triste. Talvez eu tivesse que continuar secando lágrimas, abraçando o vento e rindo no vácuo, mas o fato é que eu não consigo. Eu não consigo mais ser triste só para mostrar que um dia eu fui - ou achei que tivesse sido - feliz. Aprendi com os meus próprios erros que sofrer não torna mais poético, chorar não deixa mais aliviado e implorar não traz ninguém de volta. Aprendi também que por mais que você queria muito alguém, ninguém vale tanto a pena a ponto de você deixar de se querer. Eu que gritei para tantas pessoas ficarem, hoje só quero mesmo é que elas sumam de uma vez por todas. E em silêncio, que é pra ninguém ter porque se lamentar.
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3/19/2012


O cara dos meus sonhos


Li uma crônica dia desses que descrevia o cara dos sonhos de alguém. Nela a autora certamente desabafava sobre os maiores erros e acertos dos homens que passaram por toda sua vida. Existindo ou não, no final do texto, consegui entender exatamente o que naquele momento ela (ou a personagem) procurava. Passei alguns minutos imaginando também como seria o cara dos meus sonhos. Senti um vazio chato por já não fazer ideia de como descrevê-lo com palavras. Então, o que era apenas um pensamento se tornou um desafio, e cá estou escrevendo sobre ele – seja lá onde estiver.
Acho que é isso. Não quero mais um amor. Quero alguém que me entenda até nas horas que eu já não consigo fazer isso sozinha. Não quero frases prontas, aliança e rosas vermelhas. Quero um abraço em silêncio e com falta de ar. Não quero ter que mostrar o caminho sozinha, quero aprender a não me importar tanto com a direção.
O cara dos meus sonhos sabe mais do que eu sobre a vida. É justamente isso que me faz querer estar sempre ao seu lado. Ele gosta dos pequenos e quase imperceptíveis detalhes.  Enxerga os meus, e enquanto brigo por coisas bobas do cotidiano, os repara em silêncio. E nesses momentos, ignora absolutamente tudo que digo. Depois me beija causando uma amnésia temporária – até eu entender que não vale a pena ter sempre razão.
Não me importo tanto com a cor dos seus olhos. Mas me derreto pela maneira com que eles me encaram quando acham que estou distraída. Também não me importa com a cor dos cabelos. Torço é para que ele não seja tão cuidadoso com eles – vou adorar bagunçá-los quando estiver com tédio. Ele não se preocupa tanto com o corpo. Não compra besteiras todo dia. Ama fotografia, livros e alguma outra coisa idiota que eu provavelmente odiarei  (e respeitarei) no futuro – talvez seja futebol, videogames ou sei lá, rock pesado.
Ele faz carinho no meu braço enquanto durmo. Ama viajar e ir ao cinema. Tem orgulho dos meus sonhos e faz questão de nunca se tornar um obstáculo. Ele não tem histórias mal-resolvidas com ninguém do passado. Já esteve dos dois lados – foi canalha e coitado. Viveu o que tinha pra viver, e no momento em que finalmente estiver ao meu lado, estará. Plenamente.
É nessa mistura de tempos verbais, que desabafo sua improvável existência. Ele não é príncipe, não é sapo e nem é meu. É do mundo. Por isso vou dormir e acordar, até chegar a hora certa de o ver (ou rever). Quero estar pronta por dentro e por fora. Pra no meio dessas grandes multidões de todo dia, a gente se esbarrar, olhar pra trás ao mesmo tempo e pensar: É você.
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